Alguém sempre tem que ser o primeiro e sofrer as consequências cruas e nuas, sem armas ou proteção. Ninguém a ensinou a se proteger, ninguém lhe deu uma armadura medieval ou mesmo um EPI - equipamento de proteção individual.
O enxame de abelhas estava lá e a abelha que poderia levá-la a derradeira morte também. Morte lenta e dolorosa. Os zumbidos, as abelhas, o ferrão, a dor e o folêgo que lhe falta.
Como gritar? Como impedir que o zumbido ecoe em sua cabeça? Não tem jeito... ela tinha que ser a primeira. Ela precisava morrer para nascer outra, e resistente à abelhas. Infelizmente, resistente ao mel também... resistente à beleza!
Era a consequência do primeiro encontro com a dor. A repugnância. O evitar, o não falar, o não querer sentir. Não sentir nem a dor, nem a alegria de estar novamente viva.
Mas a vida é cheia de encontros e nem todos levam a dor. Ela custou a acreditar nisso.
Um dia, um drinque... uma gota de mel perdida no álcool. Um copo de vidro e o reflexo. O sabor se expandiu e o reflexo aumentou. Eram dois drinques agora e a gota de mel atravessando a mulher já protegida com suas armaduras. Era o doce despindo o amargo, era a armadura deixando-a nua, era o amor nascendo de novo.
Daiane Guedes