sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O papel-escritor e a loucura.

No primeiro papel em branco, eu quis escrever.
Não quis desenhar, não.
Nem dobrar, nem pintar, nem deixar em branco.
Não, eu não queria deixar o papel em branco. Não enquanto me brotassem palavras.
As palavras que engoli, que respirei, que quis deixar... a mensagem.
Palavras que talvez poucos entendessem, palavras que precisam de uma certa loucura para serem lidas.
No papel, derramei meu corpo.
Fiz do meu sangue lápis e da paixão o colorido naquelas simples, simples letrinhas.
Eu e o papel não éramos mais coisas distintas.
Difícil separação, impossível.
Eu, escritora.
Papel, a condição de existência para meu "eu escritor".
As letras, a loucura. Ora eu escrevia sobre meu corpo. Ora o papel se enchia...
Uma folha vazia, ficando meio cheia. Uma escritora ficando meio vazia.
E vice-versa.
A loucura do escritor.
A fantasia.
A folha dominando a letra.
A letra desenhando o corpo.
O corpo criando história.
E a história colorindo a vida.

Daiane Guedes